A ABERTURA POLÍTICA E O MOVIMENTO "DIRETAS JÁ"
O movimento pelas Diretas Já, em 1984, e a eleição de Tancredo Neves
pelo Colégio Eleitoral, em 1985, considerados marcos do fim da ditadura
militar (1964-1985) e início da democracia brasileira, foram alvo de
espionagem da Polícia Civil de São Paulo.
Da esquerda para a direita, FHC, Mora
Guimarães (mulher de Ulisses Guimarães), Luci Montoro, Franco Montoro e
Lula, na Praça da Sé em SP, em comício Pró-Diretas
mostram que o extinto Departamento de Comunicação Social (DCS) da
Polícia Civil mobilizou grande aparato de homens e recursos para
monitorar todos os passos e personagens centrais do processo de abertura
política, inclusive infiltrando agentes em atos e comicios.
Nem o governador do Estado na época, Franco Montoro, um dos
principais articuladores do movimento pelas Diretas Já e chefe da
polícia, escapou da espionagem do DCS. Partidos políticos, artistas,
religiosos, jornalistas e até a Gaviões da Fiel, torcida organizada do
Corinthians, também foram vigiados pelos arapongas.
“As facções denominadas Gaviões da Fiel e Coração Corintiano,
torcidas organizadas do E.C. Corinthians Paulista, também participaram
da passeata trazendo uma bateria completa e cerca de 300 participantes
empunhavam bandeiras do clube e faixas pedindo Diretas Já”, diz o
relatório sobre o grande comício realizado no Vale do Anhangabaú no dia
16 de abril de 1984 e que reuniu um milhão e meio de pessoas.
O dia 16 de abril de 1984 foi histórico para o Brasil. Nesta data,
1,3 milhões de pessoas se reuniam na Praça da Sé, em São Paulo, pedindo
por eleições democráticas. Aliás, durante todo aquele ano, cidadãos de
todas as partes do país se mobilizavam a favor das eleições
presidenciais para a Presidência da República. Todas essas agitações
fizeram parte do movimento das
Diretas Já,
iniciado em 1983, durante o governo de João Batista Figueiredo. Grande
partidos da época, como o PMDB e o PDS, anunciaram seu apoio às
atividades e, em pouco tempo, a população brasileira ia às ruas exigir a
volta das eleições diretas.
Hoje, vamos falar um pouco sobre esse grande movimento político que mudou a história do Brasil.
O processo de abertura política
O primeiro passo para a campanha das
Diretas Já
foi dado pela insatisfação popular e da elite política do Brasil com o
regime militar. Dessa forma, temos um contexto interessante. O povo
brasileiro não tinha eleições diretas desde 1960 quando elegeu Jânio
Quadros. Desde então, o regime militar instaurou políticas de repressão e
de censura aos cidadãos.
A política militar não estava mais dando certo e, em 1979, o processo
de abertura começou a aparecer. Por conta dos altos índices de
inflação, desemprego e da dívida externa, o governo ditatorial foi
obrigado a garantir o retorno de algumas liberdades a favor da
democracia. Aqui podemos usar como exemplo, a reforma política que deu
permissão à criação de novos partidos políticos, em substituição ao
sistema bipartidário.
Novas ideias fervilhavam no cenário político do Brasil e novos
partidos eram fundados, marcando o início de um processo de fragmentação
político-partidário, bem parecido com os moldes que temos hoje. Esse
pequenos partidos disputaram, em 1982, as eleições para os governos
estaduais e demais cargos legislativos. Mediante esse novo quadro,
membros de oposição da Câmara dos Deputados tentaram articular uma lei
que instituísse o voto direto na escolha do sucessor do presidente João
Batista Figueiredo. Em 1983, essa movimentação tomou a forma de um
projeto de lei elaborado pelo deputado peemedebista Dante de Oliveira.
A Emenda Dante de Oliveira
Quando a chamada “Emenda Dante de Oliveira” começou a ganhar projeção
entre os grupos engajados dos grandes centros, os partidos políticos
iniciaram uma série de comícios convidando os civis a participarem da
luta pelas eleições diretas. Essas ações passaram a ganhar vida nos
meios de comunicação e passaram a ser chamados popularmente de
Diretas Já.
Diretas Já para o povo
Para se ter uma projeção da popularidade da campanha, em janeiro de
1984, 300 mil pessoas participaram de uma ação na Praça da Sé, em São
Paulo. Três meses mais tarde, o mesmo local na capital paulista, abrigou
1,3 milhões de pessoas. Mesmo realizando uma enorme pressão para que as
eleições diretas fossem oficializadas, os deputados federais da época
não se sensibilizaram mediante os enormes apelos. Com isso, por uma
diferença de apenas 22 votos e um vertiginoso número de abstenções, o
Brasil manteve o sistema indireto para as eleições de 1985. Para dar a
tal disputa política uma aparência democrática, o governo permitiu que
civis concorressem ao pleito.
O movimento fez com que aparecessem grandes nomes da nossa política
como Ulysses Guimarães (senhor das Diretas), Luis Inácio Lula da Silva,
Fernando Henrique Cardoso, entre outros.
As eleições diretas para presidente do Brasil só ocorreriam em 1989, após ser estabelecida na Constituição de 1988.
COMPONENTES:
Amanda, Geovânia Fernandes, Joelma Alves e José Orlando. 3c vespertino